Desde que surgiu a pandemia do novo coronavírus que a Rede Eclesial Pan-Amazónica monitoriza a evolução da doença nos nove países de que a Amazónia faz parte, e os dados não são animadores. Se a Amazónia fosse toda ela um só país, seria o quinto a nível mundial em número de casos de covid-19, indica o padre Júlio Caldeira, diretor de comunicação da REPAM, com base nos dados que o organismo representativo da Igreja católica tem recolhido nos nove países da Amazónia.
“Segundo o mapa que elaboramos às segundas, quartas e sextas-feiras, já são 541 mil casos e 16 mil falecidos. 5% dos casos a nível mundial estão na região amazónica. Se a Amazónia fosse contar como um país, seria o quinto com mais contágios depois dos Estados Unidos, Brasil, Índia e Rússia”, refere o missionário, que acredita que os números destes vários países até pecam por defeito. “Existe um sub-registo, porque não se realizam os exames necessários, e muitas comunidades – a maioria delas no interior da floresta amazónica – não tem garantido o seu direito a esse serviço básico de saúde”, conta.
Entre os povos indígenas que vivem nas regiões mais remotas há ainda menos assistência e menos meios para registar e tratar os casos de covid-19, mas a doença já lá chegou. “Já são 15 mil casos de 168 povos indígenas de etnias distintas, atingindo os quase mil mortos. O índice de mortos é o dobro do que acontece entre outros povos”.
Padre Julio Caldeira
