Mais actual do que nunca este artigo de opinião de Artur Portela no DN em Agosto de 2013:
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, as mentiras são substanciais e insubstanciais.
Dividindo-se, porventura, as mentiras substanciais em mentiras muito substanciais, mentiras medianamente substanciais e mentiras pouco substanciais.
E, porventura, dividindo-se as mentiras insubstanciais em mentiras muitíssimo insubstanciais, mentiras medianamente insubstanciais e mentiras quase substanciais.
Pelo que as comissões parlamentares não deverão exorbitar.
Entendamo-nos.
É justo colocar todas as mentiras ao mesmo nível?
Por exemplo, dizer que as mentiras muito substanciais valem o mesmo que as mentiras medianamente substanciais e as mentiras pouco substanciais?
Não é justo.
E será justo, por exemplo, dizer que as mentiras insubstanciais valem o mesmo que as mentiras muitíssimo insubstanciais e que as mentiras quase, mas só quase, substanciais?
Também não é justo.
Pelo que as comissões parlamentares deverão, urgentemente, anunciar quais os géneros de mentiras que aceitam por parte dos convocados e quais os géneros de mentiras que, por parte dos convocados, não aceitam.
Sob o risco de serem elas, as comissões parlamentares, responsáveis por falta de adequada sinalização, e de serem os por elas convocados vítimas de um logro.
E de uma armadilha.
Ou seja, uma mentira institucional.
Marcelo Rebelo de Sousa dirá, catedraticamente, de sua justiça.
Eu permito-me antecipar-me ao meu querido e velho amigo desde os anos 70 e poucos, arriscando que, para ele, são aceitáveis, em sede de comissão parlamentar, quase todas as mentiras insubstanciais.
Vamos, todas.
E arriscando que são inaceitáveis, para ele, boa parte das mentiras excessivamente substanciais.
Embora, porventura, não todas.
Deixando passar as mentiras medianamente substanciais.
E as mentiras pouco substanciais.
Há que ser generoso.
O Povo é sereno.
E importa que a verdade não exagere.